Uma vez me perguntaram:
"E se você não fosse atriz? O que seria?"
Me vi em um grande silêncio. Minha mente foi rapidamente tentar buscar recursos pra responder àquela pergunta. Procurei em todos os armazenamentos de profissão que meu cérebro possui, na maior velocidade que eu poderia fazer. Tentei, tentei, tentei ... e nada. Me vi em um completo buraco de vida com essa opção que foi me apresentada. Como assim, não ser atriz? Isso não é crível, não é aceitável, não é possível... pelo menos pra mim.
É a mesma coisa que me perguntar: "E se você fosse o Bill Gates?"
É tão irreal e tão fora do meu mundo que eu não faço a menor idéia de como seria.
Ser atriz é algo que me acompanha desde que me entendo por gente. Aos 8 anos eu já estava na batalha, decorava os textinhos que madavam, atravessava a cidade e ia à testes de carro, de ônibus, de barcas ou de que maneira fosse... O que importa é que, sempre que podia, lá estava eu. Minhas professoras enlouqueciam com meus grandes números de faltas, achavam que eu era criança demais pra isso. Eu era só mais uma menininha no meio de centenas (e, às vezes, milhares) que entravam na fila dos testes, tiravam fotinhos e estendiam a plaquinha com o nome quando o diretor pedia (o que se chama de claquete).
As pessoas tinham o porquê de duvidar. Hoje em dia, se perguntarmos pra qualquer criança o que ela quer ser quando crescer, ela dirá "Atriz" ou "Modelo" . Mas o engraçado é que eu nunca disse isso. Só fui dizer mesmo quando entrei pra esse mundo. E até quando já tinha entrado, pensei em desistir várias vezes... A verdade é que eu nunca desisti de fato. Algo em mim nunca deixou. E é esse "não deixar" me pulsa minha vida, minhas falas, meu organismo, minha respiração, minhas personagens, meus sorrisos, meus choros, meus olhares, meus gestos... É como se fosse algo viciante que, quanto mais eu tenho, mais eu quero. É o meu combustível, é a minha energia, é o meu impulso...
Atuar faz eu me sentir viva. Como posso saber como eu seria sem vida?
Nada foi e é fácil. Lutar pelo que se ama requer a maior dedicação possível. Já chorei muito, já passei por muitos problemas, já fui trocada por " QI's " (Quem Indica), já sofri muitas decepções, já fiquei desesperada porque tinha que pegar matéria atrasada, estudar pra provas no colégio, decorar texto, gravar, ir à escola, dormir cedo, tudo ao mesmo tempo... Nada são flores. Há uma grande ilusão em cima desse meio artístico. Parece que as atrizes vivem sempre lindas, perfumadas, maquiadas , de cabelo feito, unhas feitas, magras, sorridentes e de bem com a vida. Mentira! Atrizes também sofrem, choram, são rejeitadas por homens, tem crises de ciúmes, se sentem inseguras, acordam descabeladas, se sujam, ficam mal humoradas, e por aí vai. Trabalhar em novela é um trabalho como outro qualquer. Tem um monte de gente que trabalha por trás das câmeras que você nem sabe.
Uma coisa que eu nunca vou me esquecer é que minha avó e minha mãe sempre estiveram lá. Me apoiaram, se esforçaram junto comigo, correram atrás de um sonho meu... Elas sempre largavam tudo pra me ajudar. Fica mais fácil quando você tem alguém pra dividir seu esforço. Tudo fica mais leve... Obrigada, Deus!
E, tudo isso pra dizer que, agora, eu me vejo em outro momento importante na minha vida.
A novela que eu estou fazendo está prestes a estreiar, e eu me vejo completamente anciosa.
A minha VIDA é isso. Como posso não esperar de braços abertos???
Que venha CHAMAS DA VIDA!!
MERDA PRA TODOS, a batalha continua!!
