domingo, 7 de setembro de 2008

Solidão feliz.


Às vezes ela se vai assim, sem avisar, como se fosse uma ventania rápida que arrasta as folhas secas do chão e estremece as árvores do bosque, deixando qualquer coisa bagunçada pra trás. Às vezes ela volta assim, sem avisar, como tempestade em dias ensolarados de verão ou como um borboleta que pousa no ombro de alguém... Às vezes ela resolve ficar descalça, sentir a terra, pôr os pés no chão numa tentativa interminável de sentir-se segura perante à vida, estável perante o tempo. Ela só quer enxergar em si a felicidade que tanto dizem que existe, ela só quer cantarolar durante uma tarde de outono, escutar uma música inesperada no rádio indo para o trabalho, colocar aquela saia confortável de que tanto gosta, usar suas sapatilhas cor-de-pele e dançar uma valsa com sua gargalhada verdadeira. Ela não quer viver pela metade. Isso a angustia. Que seja errado, mas que seja até o final. Se ela tem curiosidade, ela a mata. Se ela tem alguma regra, ela a quebra. Ela quer mais sol. Ela quer mais lua cheia. Ela quer mais praia, mais cachoeira, mais mato, mais pessoas sinceras... Ela quer mais da vida, e por mais que a vida lhe dê tudo, sua sede lhe é sempre insaciável. Insatisfação contínua... não, ela não quer mais isso. Se castiga. Se prende. Indomável e insuportável pensamento, insiste em ser incrédulo diante de tudo que lhe aparece à frente. Ou é burro e se finge de cego, ou é inseguro e posa de inteligente. Interessante interesse que ela tem sobre o que não tem interesse, estranha estranheza sobre tudo que é normal aos olhos dos que enxergam. Ela não sabe lutar. Ela não tem força. Ela até queria ter, mas, todos os dias quando acorda, se descobre fraca, e a força antes contida é disspidada sabe-se lá praonde. Sim, ela sente que um dia vai mudar. Não se sabe quando, nem onde, nem com quantos anos, ou em que momento, mas ela sabe que a partir de um ponto em sua vida nada será como antes. Mas, enquanto isso, ela espera, indo e voltando, se mostrando e se escondendo.
. Aprendendo a achar felicidade na solidão . . .